Lembranças em Suspensão – Capítulo 13

Entre ecos e sonhos

Lembranças em Suspensão

A sala era branca demais, quase imaculada, como se nenhuma emoção pudesse sobreviver ali dentro. Clara sentou-se diante do médico, um homem de fala calma e olhos que pareciam ter visto o interior de muitas almas cansadas. Ele lhe explicou o procedimento com serenidade, descrevendo como seria possível apagar fragmentos específicos da memória — sobretudo aqueles que traziam dor.

Ela o ouviu em silêncio, com as mãos entrelaçadas sobre o colo. Cada palavra soava como uma promessa de descanso, mas também como um risco de perda irreversível. A ideia de viver sem o peso do que sentia parecia tentadora, e ainda assim havia algo dentro dela que resistia. Era como se uma parte da própria dor fosse também o que a mantinha viva.

O médico lhe perguntou se estava pronta. Clara não respondeu de imediato. Seus pensamentos se dispersaram, lembrando-se de Elias, das cartas, dos sonhos, das noites em que o sentia próximo mesmo sem vê-lo. Eram lembranças que doíam, mas que ainda pulsavam com uma estranha beleza.

Ela imaginou o que seria acordar no dia seguinte sem aquele nome ecoando em seu peito. Talvez houvesse alívio, talvez apenas um silêncio maior. Mas e se o amor estivesse escondido dentro da dor? E se, ao apagar um, o outro também desaparecesse?

O relógio na parede marcava o tempo com precisão quase cruel. Clara percebeu que, enquanto hesitava, o mundo lá fora continuava seguindo, indiferente às suas dúvidas, aos seus abismos. O médico aguardava pacientemente, observando-a como quem compreende que certas decisões não nascem da razão, mas do que resta de fé no que sentimos.

Por fim, ela levantou-se devagar. Disse que precisava pensar mais um pouco. O médico assentiu, sem insistir. Ao sair da clínica, a luz da tarde a envolveu como um abraço morno. Clara respirou fundo e sentiu que, por ora, não queria esquecer.

A dor ainda estava lá, latejando em algum canto silencioso da alma, mas junto dela havia um vestígio de amor e talvez fosse esse vestígio o que a mantinha inteira. Enquanto caminhava pelas ruas, o vento lhe trouxe a impressão de uma voz antiga, quase familiar. E Clara sorriu, sem saber se era lembrança, sonho ou esperança.

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