O Último Retrato – Capítulo 16

Entre ecos e sonhos

O Último Retrato

A manhã nasceu silenciosa, envolta em uma claridade pálida que se espalhava pelas paredes brancas. Clara abriu os olhos e por um instante acreditou estar dentro de um sonho. A casa era simples, serena, e cheirava a tinta fresca e madeira. Não havia ruídos além do som distante das ondas, como se o mar estivesse logo atrás de alguma lembrança esquecida.

Ela levantou-se devagar, observando o espaço ao redor. Tudo parecia limpo, organizado, mas sem marcas de quem ali vivesse. Nenhum retrato nas paredes, nenhuma lembrança emoldurada. Somente uma mesa próxima à janela, onde repousava uma tela inacabada. Aproximou-se, curiosa.

O quadro mostrava o rosto de um homem. Os traços ainda estavam em construção, mas o olhar já estava pronto. Era um olhar profundo, que parecia observá-la em silêncio, com uma ternura antiga e uma saudade sem origem. Clara sentiu o coração estremecer. Havia algo familiar naquele rosto, uma sensação de pertencimento que não conseguia explicar.

Ela passou os dedos sobre o contorno do desenho, sentindo a textura da tinta seca. Era como tocar um fantasma. As linhas pareciam pulsar sob sua pele, despertando lembranças que não tinham forma, apenas emoção. Um frio leve percorreu-lhe a espinha, e, ao mesmo tempo, uma doçura inexplicável tomou conta dela.

Na mesa, ao lado da tela, havia um pincel abandonado e um copo com água turva. Parecia que o pintor havia interrompido o trabalho de repente, deixando a história suspensa. Clara olhou em volta, procurando sinais de quem poderia ter pintado o retrato, mas não havia ninguém. Nem vestígios, nem nome, nem presença. Apenas aquele rosto incompleto, fixo na eternidade do instante.

Por algum motivo, ela não conseguiu se afastar. Sentou-se diante do quadro e ficou ali, observando. A luz da tarde começou a mudar, e a sombra do retrato se alongou sobre o chão, como se o homem ganhasse corpo. Clara sentiu o peito apertar, e uma lágrima escorreu sem que ela soubesse por quê.

Quando o sol se pôs, o rosto parecia quase completo. E, ainda que não soubesse o nome daquele homem, ela sentia que já o havia amado. Uma ternura sem lembrança, um amor sem história. Apenas a certeza silenciosa de que, em algum lugar do tempo, ele a esperava.

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