Reflexos no Espelho

Acordei antes de você. Ainda era cedo, e a cidade lá fora parecia suspensa no tempo, envolta por uma névoa fina que cobria os prédios como um véu. Fiquei ali, observando você dormir — os cabelos espalhados no travesseiro, a respiração tranquila, o contorno do seu corpo sob o lençol. Meu corpo ainda carregava o calor da noite anterior, mas minha mente já estava em outro lugar… ou melhor, em outra lembrança.

Ontem, enquanto você tomava banho, fiquei parado na porta entreaberta do banheiro. O espelho estava embaçado, mas sua silhueta era nítida o suficiente para me hipnotizar. A água escorria pelas suas costas, e você, alheia à minha presença, se movia com uma sensualidade natural, quase inocente — o que só tornava tudo mais instigante.

Lembro de ter encostado na parede, em silêncio, apenas assistindo. Cada gesto seu era uma provocação involuntária. Quando você inclinou a cabeça para enxaguar os cabelos, revelando a curva perfeita da sua nuca, senti um arrepio que percorreu minha espinha como um fio elétrico.

Pensei em entrar. Em te surpreender. Em deixar a água nos envolver enquanto minhas mãos exploravam cada centímetro seu. Mas não entrei. Preferi guardar aquela cena como um segredo só meu… por enquanto.

Hoje, enquanto você ainda dorme, escrevo essas palavras com um sorriso nos lábios e uma ideia na cabeça.

Amanhã à noite, Vera, quero te mostrar o que vi naquele espelho. Mas não com palavras. Com o toque. Com a boca. Com o corpo inteiro.

E isso, meu amor, é só o começo.