📖 Som e sombra – Diário Secreto Para Vera

A sala estava mergulhada em penumbra, iluminada apenas por algumas luzes baixas que criavam sombras dançantes nas paredes. A música tocava alta, preenchendo cada espaço, cada silêncio, cada respiração. O ritmo pulsava dentro de nós, como se fosse parte do nosso corpo, como se fosse o próprio desejo se manifestando em notas e batidas.

Você se aproximou com passos lentos, o olhar carregado de intenção. O som abafava qualquer palavra, mas não havia necessidade de falar. Nossos corpos já se entendiam, já sabiam o que estava prestes a acontecer. Te puxei para perto, e o beijo veio urgente, profundo, como se fosse mais uma camada da música que nos envolvia.

As luzes baixas revelavam apenas fragmentos de nós, pedaços de pele, contornos de curvas, reflexos de suor. O mundo lá fora desapareceu. Não havia cidade, não havia tempo, não havia nada além de nós dois e da intensidade que crescia a cada toque. A música nos guiava, ditava o ritmo, acelerava nossos movimentos, e cada gemido seu se misturava ao som, tornando-se parte da melodia.

Te deitei no chão, e nossos corpos se encontraram com força. O prazer era amplificado pelo ambiente, pela sensação de estarmos isolados em um universo próprio. A batida da música se tornava o compasso da nossa entrega, e cada movimento era uma explosão que nos aproximava ainda mais do limite.

Fizemos amor como se o mundo tivesse deixado de existir. O som alto abafava tudo, e as luzes baixas criavam um cenário íntimo, secreto, perfeito. Quando finalmente chegamos ao clímax, foi como se a música tivesse explodido dentro de nós, nos deixando exaustos, suados e completamente entregues.

Você sorriu, ainda ofegante, e disse que nunca mais ouviria aquela música da mesma forma. E eu soube, naquele instante, que ela havia se transformado em trilha eterna do nosso prazer.