O Sótão e os Segredos Guardados – Capítulo 152

Reino de Veramor nova capa

O Sótão e os Segredos Guardados

O dia havia sido tranquilo, e uma curiosidade antiga levou o Rei e a Rainha a subirem juntos a escada estreita que conduzia ao sótão de Veramor. A porta de madeira rangeu ao ser empurrada, liberando um cheiro suave de papel guardado e lembranças que dormiam há anos. A luz que entrava pela pequena janela triangular desenhava faixas douradas no ar, como se iluminasse o próprio passado.

O sótão estava repleto de caixas, baús e pequenas relíquias que testemunhavam épocas anteriores. A Rainha passou os dedos pela superfície de um baú antigo, retirando a poeira com movimentos lentos, quase cerimoniais. O Rei, com o mesmo cuidado, abriu uma caixa empilhada no canto e encontrou fotografias amareladas, mostrando versões mais jovens dos dois, sorrindo para câmeras que já nem existiam mais.

Eles se sentaram no chão de madeira, aproximando as imagens, lembrando momentos que haviam sido vividos com tanto ardor e inocência. Cada fotografia trazia de volta uma chama suave de nostalgia. A Rainha sorriu ao ver o Rei mais jovem com o olhar brilhante e o cabelo rebelde. O Rei tocou a imagem dela e murmurou que, mesmo agora, seus olhos ainda carregavam o mesmo encanto.

Entre os papéis, encontraram um conjunto de cartas antigas, escritas à mão, em tinta que havia perdido um pouco da cor, mas não da intensidade. A Rainha as abriu com delicadeza, como quem toca algo sagrado. Ali estavam palavras que o Rei havia escrito muitos anos antes, quando o amor entre eles ainda era uma chama recém-nascida, pulsante e cheia de urgência.

Ao final da pilha, envolto em um laço apagado pelo tempo, havia um pequeno pedaço de papel dobrado várias vezes. O Rei reconheceu imediatamente. Era um poema que escrevera em uma noite silenciosa, quando ainda temia que as palavras não fossem suficientes para expressar a imensidão do que sentia.

A Rainha o desdobrou e leu em voz baixa, permitindo que cada sílaba fosse acariciada pelo silêncio do sótão.

“Te amo desde antes do tempo saber que existíamos.”

A frase pairou no ar como uma promessa eterna. O Rei baixou os olhos, tomado pela lembrança do instante em que havia escrito aquelas palavras. A Rainha se aproximou delicadamente, tocando seu rosto, e disse que aquele amor sempre havia atravessado o tempo com a força de algo destinado.

Ícaro bateu asas no corredor, curioso com a ausência dos dois, e sua sombra passou brevemente pela entrada do sótão. Lórien estava deitado no pé da escada, como guardião silencioso, e Nilo se enroscava no segundo degrau, esperando por algum movimento.

O Rei segurou a mão da Rainha e os dois permaneceram ali por alguns instantes, cercados por memórias que não envelheciam, apenas mudavam de forma. O sótão não era mais apenas um depósito de objetos antigos, mas um cofre de histórias vividas, de juras guardadas e de amor escrito em camadas.

Ao descerem de volta ao castelo, o Rei e a Rainha carregavam consigo não apenas fotografias e cartas, mas a sensação profunda de que o amor deles era tão antigo quanto o tempo e tão novo quanto cada amanhecer que ainda compartilhariam.

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