A Calça do Rei e a Insinuação da Rainha – Capítulo 26

Era tarde de reformas no jardim de inverno. O Rei, aplicado, ajudava a pintar a pérgola com uma dedicação que só se vê em quem ama, ou em quem deseja impressionar uma certa Rainha.

Ele entra no salão real com tinta até o joelho, suado, descabelado, e com uma calça que já vira dias melhores… mas que, curiosamente, parecia ter nascido para aquele momento.

Ela, reclinada no sofá com um livro semiaberto e olhos atentos, levanta o olhar lentamente, percorre o Rei de cima a baixo e comenta, com a voz aveludada e um meio sorriso:

— Essa calça faz mais por mim que a poesia.

O Rei, fingindo inocência, olha para a própria perna e responde:

— Então que se escrevam estrofes com cada passo que eu der até você…

Ela fecha o livro, ainda com os olhos nele:

— Só não demore, ou terei que virar poema para te alcançar primeiro.

E naquela tarde em que a tinta secava, a calça manchava e o sol dourava o chão de Veramor, as palavras viraram toque, e a poesia… vestiu-se de desejo.

A Calça do Rei e a Insinuação da Rainha – Capítulo 26