A Casa que Goteja Amor – Adendo IV

Chovia no Reino de Veramor, daquelas chuvas persistentes, que parecem querer lavar não só os telhados, mas também as memórias. E chovia dentro também. A sala, já acostumada às infiltrações poéticas, ecoava pingos como se fossem compassos de uma canção antiga.

A Rainha organizava baldes com a precisão de uma coreógrafa: um para cada goteira, todos alinhados como soldados em guarda. Observando o ritmo da água, sorriu e disse:

— “Cada goteira tem o som do teu nome caindo em mim.”

O Rei, encharcado até os ossos e com a alma leve de quem ama até o imprevisto, respondeu com um olhar sereno:

— “Se o céu também sente saudade, quem sou eu pra conter esse pranto?”

E ali, entre panos molhados, sombras de infância e vapor de chá no ar, eles se beijaram, pela primeira vez naquela semana. Porque em Veramor, o amor pinga, escorre, transborda… e sempre acha um canto úmido onde florescer.

A Casa que Goteja Amor – Adendo IV

Brasão Reino de Veramor

V&R
💙💙💙💙💙