A Catedral do Teu Corpo

O corpo dela se ergue diante de mim como uma catedral silenciosa. Minha alma se ajoelha em sua nave solitária, sob o arco dos seus ossos e a abóbada do seu hálito. Cada sombra que dança sobre sua pele é uma luz filtrada por vitrais feitos de sonho e carne. Meus olhos fecham se em oração diante da santidade que emana de cada porão, de cada curva que compõe a arquitetura divina do seu ser.

Minhas mãos, em prece, percorrem a geometria sagrada dos seus contornos. Encontram o altar de seus quadris, o púlpito macio de seu ventre, as colunas esculpidas de suas pernas. Cada toque é um murmúrio, uma súplica de devoção que ecoa no silêncio solene que nos envolve. O ar carrega o incenso do seu aroma, uma mistura de terra molhada e céu noturno que me inebria e me purifica.

Nesta catedral viva, não há doutrina escrita, nem dogmas a seguir. A única liturgia é a batida compassada de seu coração, um canto gregoriano que sussurra contra meu peito. Meus lábios leem sua pele como um missal, beijando cada versículo de vida escrito nela. Aqui, minha fé não é uma crença, mas uma certeza tátil. Cada beijo é uma eucaristia, cada suspiro trocado, um amém.

E quando me perco nela, não é em labirinto, mas em transe. Encontro a glória não em um reino distante, mas aqui, no terráqueo milagre de seu pescoço, na relíquia de seu umbigo, no santo sudário de seu suor. Esta catedral não tem paredes de pedra, mas de calor. Não tem portas, mas abrigo. E eu, seu único fiel, me perco em adoração, sabendo que para sempre me ajoelharei no sacrário do seu ser.

Teu Esposo, Teu Homem, Teu Amor, Teu Dono, Tua Posse… Eternamente Tua Propriedade