A Gripe Real

O Reino de Veramor estava silencioso naquele dia. O sol parecia ter se escondido de propósito, respeitando o estado febril da Rainha Vera e do Rei, que juntos enfrentavam a fragilidade de uma gripe insistente. Espirros ecoavam pelo quarto, mas cada um vinha acompanhado de um riso leve, como se até a doença não fosse capaz de apagar a chama que os unia.

O Rei, mesmo debilitado, não poupava gestos de cuidado. Ajeitava a manta sobre o corpo da Rainha, ajustava o travesseiro, passava a mão carinhosa em sua testa para medir a febre, e a cada toque deixava escapar palavras doces que mais curavam que qualquer remédio. Ela, mesmo entre espirros, retribuía com olhares cheios de sedução tímida, como se quisesse lembrá-lo de que até na fragilidade ainda era Rainha, ainda tinha o poder de encantar.

Luzia e Nilo encontraram refúgio entre as pernas do casal, enrolados como se fossem pequenas bolsas de calor a aquecer os dois. Já Lórien e Bravus, deitados próximos à cama, guardavam o quarto como sentinelas fiéis, atentos a cada movimento e entregues àquele silêncio compartilhado que só os animais sabem respeitar.

Entre lenços e chá morno, o Rei puxou a Rainha para perto, enlaçando-a como quem segura o bem mais precioso do mundo. O beijo febril que trocaram não tinha a força habitual, mas trazia a intensidade de duas almas que encontravam conforto até na vulnerabilidade. O desejo se misturava à ternura, como se a febre tivesse dado um novo ritmo ao coração.

Ele a olhou nos olhos e disse com a voz rouca, mas carregada de emoção: se é para ficar doente, que seja ao teu lado, com febre e cafuné. A Rainha sorriu, e naquele sorriso o Rei encontrou a verdadeira cura.