A Janela Aberta

A noite respirava através da janela entreaberta, e o vento trouxe consigo o perfume das flores do jardim. O ar tinha um frescor silencioso, quase sagrado, como se o mundo lá fora quisesse participar da paz que reinava naquele quarto. A cortina dançava devagar, e a luz do luar desenhava traços prateados sobre os lençóis.

A Rainha observava o movimento, sentindo a brisa tocar-lhe o rosto com delicadeza. Havia algo de eterno naquele instante — o contraste entre o frio do vento e o calor que vinha dos braços do Rei. Ele a envolveu por trás, encostando o corpo no dela, como se pudesse protegê-la de tudo o que existia além daquela janela.

Ela suspirou e recostou a cabeça em seu peito, deixando o silêncio preencher os espaços entre as batidas dos dois corações. Nenhuma palavra seria capaz de traduzir o que sentiam; era o tipo de amor que se entende apenas pelo toque, pelo respirar junto, pelo modo como o tempo parece parar.

Nilo, curioso e vigilante, subiu ao parapeito e ficou ali, observando o jardim banhado de luar. Seus olhos brilhavam na penumbra, atentos a cada movimento, mas também pareciam guardar o segredo do que acontecia dentro do quarto.

O vento soprou mais forte por um instante, fazendo as chamas das velas tremularem. O Rei então apertou a Rainha um pouco mais, num gesto silencioso de cuidado e posse mansa.

“Se o mundo invade, eu te fecho em meus braços, onde nada te alcança.”