📖 Diário Secreto Para Vera

A luz que te revela

A porta do quarto estava entreaberta. A luz suave das velas escapava pelas frestas, dançando nas paredes do corredor como se me chamasse. A música vinha baixa, uma melodia lenta e envolvente, como se o som soubesse exatamente o que estava prestes a acontecer.

Entrei sem pressa. O ar estava perfumado, quente, carregado de intenção. Você estava ali, Vera, nua sobre os lençóis, com o corpo iluminado por pontos dourados que tremulavam com a chama. Seus olhos me encontraram, e naquele instante, tudo em mim se calou. Só havia você.

Me aproximei devagar, como quem se aproxima de um altar. Seu corpo era uma promessa, uma oferenda, uma provocação. Sentei na beira da cama e deixei meus olhos percorrerem cada curva sua, como se estivessem lendo um poema escrito na pele.

Você não disse nada. Apenas estendeu a mão, e eu a segurei. O toque foi leve, mas carregado de eletricidade. Me inclinei e beijei seus dedos, depois seu pulso, depois o caminho que levava até o pescoço. Sua pele estava quente, viva, pulsando sob meus lábios.

Me deitei ao seu lado e deixei que o silêncio falasse. Minhas mãos começaram a explorar, sem pressa, como quem descobre um território sagrado. Cada suspiro seu era uma resposta, cada movimento, um convite. A música seguia, como trilha de um filme que só nós dois assistíamos.

Fizemos amor com reverência e desejo. Seu corpo se arqueava sob o meu, e cada gemido seu parecia acender mais uma vela dentro de mim. A luz tremulava, projetando nossas sombras na parede, como se o quarto inteiro estivesse testemunhando nossa entrega.

Quando finalmente descansamos, abraçados e ofegantes, você me olhou com aquele brilho nos olhos que só aparece quando o prazer é completo. E eu soube, sem precisar de palavras, que aquela noite seria lembrada como uma das mais intensas do nosso diário.