A Manhã de Luz Branda – Capítulo 168

Reino de Veramor nova capa

A Manhã de Luz Branda

A manhã nasceu com uma claridade doce, como se o próprio céu desejasse envolver a Rainha em um abraço de luz. Ela caminhava lentamente pelo jardim, respirando o perfume das folhas recém-umidificadas pelo orvalho, e cada passo parecia um agradecimento silencioso à vida que renasce depois de toda travessia. O Rei seguia ao seu lado, atento, presente, oferecendo a ela não apenas companhia, mas a certeza tranquila de que o amor, quando verdadeiro, sustenta o corpo, a alma e todo o território que compartilham.

Os jardins do Reino de Veramor despertavam com uma serenidade rara. Lórien avançava com seu caminhar felino, leve como um sussurro, deixando que seus olhos atentos vigiassem cada detalhe como se o próprio jardim fosse sagrado. Nilo trotava com alegria discreta, carregando no peito a fidelidade que o tornava um guardião natural de tudo que amava. E Ícaro, o novo integrante de penas, voava em círculos suaves acima dos dois, pousando vez ou outra em um galho para inclinar a cabeça em reverência à Rainha, como se entendesse a importância daquele instante de reconstrução silenciosa.

A presença dos três criava um cortejo de ternura. Lórien observava a Rainha como se cada movimento seu fosse uma página viva de uma história preciosa. Nilo caminhava mais próximo, atento às mudanças de ritmo, como se pudesse oferecer força com sua simples existência. Ícaro acompanhava tudo de cima, abençoando o percurso com movimentos de asas que pareciam desenhar pequenas preces no ar. Juntos, eles simbolizavam a união invisível entre o reino, seus seres e o amor que ali sustentava cada amanhecer.

O Rei, ao lado da Rainha, observava a forma como a luz repousava sobre ela, iluminando seu rosto com uma delicadeza quase celestial. O vento leve tocava seus cabelos e transformava a cena em uma espécie de ritual natural de renascimento. Após a fase das Horas do Cuidado, aquela caminhada representava o primeiro passo em direção a uma calmaria profunda, onde o corpo encontra paz e a alma encontra repouso. Nada precisava ser dito, pois o silêncio entre eles continha mais verdade do que qualquer palavra.

O jardim inteiro parecia inclinar-se a ela, oferecendo frescor, cor e quietude. A Rainha ergueu o rosto para o céu e fechou os olhos por um breve instante, e nesse gesto repousava um mundo inteiro de gratidão. Ali, naquele pequeno templo de natureza viva, dava-se o encerramento de uma fase e o início de outra. Renascida pela paciência, restaurada pelo cuidado, sustentada pelo amor silencioso que o Rei ofereceu em cada noite e em cada prece.

A manhã de luz branda era o testemunho desse renascimento. E o Reino de Veramor, com seus gatos atentos, seus cachorros fiéis e seu novo guardião alado, celebrava em silêncio a volta da Rainha ao movimento tranquilo da vida, não como quem retorna ao mesmo lugar, mas como quem atravessou a escuridão e encontrou uma versão mais suave de si. Aqui começava um novo ciclo, onde o amor guiaria cada passo e a paz se tornaria o idioma do coração.

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