A Mão de Elias

A Mão de Elias. estendida como se buscando algo invisível, ou talvez oferecendo-se a um toque igualmente fugaz.

O caderno repousava aberto sobre a mesa de carvalho envelhecido, suas páginas de um branco quase ofuscante contrastando com a escuridão rica da madeira. A luz fraca que entrava pela janela empoeirada do sótão hesitava em iluminar completamente o desenho a carvão que preenchia as duas páginas. Ali, capturada em traços firmes e delicados, estava uma mão humana, estendida como se buscando algo invisível, ou talvez oferecendo-se a um toque igualmente fugaz.

As linhas do carvão eram densas nas sombras profundas entre os nós dos dedos e nas dobras da palma, suavizando-se em um pontilhado esparso para delinear os contornos dos músculos do antebraço que desapareciam na margem da página. Havia uma tensão palpável na pose da mão, uma sensação de esforço contido, como se estivesse lutando contra uma força invisível ou ansiando por alcançar um objetivo distante.

O sótão onde o caderno se encontrava era um santuário de memórias empoeiradas. Caixas de papelão amontoadas continham fragmentos de vidas passadas: fotografias desbotadas sorrindo de dentro de álbuns com lombadas rachadas, cartas amareladas presas com fitas desbotadas, brinquedos quebrados que ainda carregavam a aura da infância. O ar cheirava a poeira antiga, madeira seca e a um leve traço de lavanda, talvez de algum sachê esquecido dentro de uma gaveta.

A mão desenhada pertencia a Elias, um artista recluso que havia vivido naquela casa décadas atrás. Sua história era um murmúrio nas lendas locais, um talento brilhante que se apagou prematuramente. Alguns diziam que ele havia se apaixonado por uma musa etérea, uma visão que o inspirava e atormentava. Outros sussurravam sobre uma doença misteriosa que lhe roubou a força, mas não a paixão pela arte.

Aquele caderno em particular era um achado recente de Clara, a neta dos atuais proprietários da casa. Fascinada pela reputação do antigo morador, ela passava horas explorando o sótão, sentindo-se conectada a um passado que nunca conheceu. Ao abrir o caderno pela primeira vez, a intensidade daquele desenho a atingiu como um raio. Não era apenas a representação de uma mão; era uma janela para a alma de Elias, para sua luta, sua esperança, sua solidão.

Clara traçou com o dedo a linha do pulso desenhado. Havia uma delicadeza surpreendente nos detalhes, nas pequenas veias que pareciam pulsar sob a pele de papel. Ela imaginou Elias, sentado naquele mesmo sótão, talvez sob a mesma luz vacilante, concentrado em capturar a essência daquela mão. Seria a sua própria mão? A de um ente querido? Ou talvez uma mão imaginária, um símbolo de algo mais profundo?

Ao virar a página, Clara encontrou outros desenhos: esboços rápidos de rostos melancólicos, paisagens etéreas que pareciam mais sonhos do que lugares reais, e repetidamente, variações daquela mesma mão estendida, cada uma com uma nuance diferente de emoção – súplica, anseio, resignação.

Em uma das páginas seguintes, entre um amontoado de rabiscos e linhas cruzadas, Clara encontrou uma pequena anotação a lápis, quase apagada pelo tempo: “A busca incessante do toque que transcende o físico.”

Aquela frase ressoou profundamente em Clara. Ela compreendeu, naquele instante, que a mão desenhada não buscava apenas um contato literal, mas algo mais abstrato – talvez a conexão com outro ser humano, a compreensão, a aceitação, ou até mesmo a própria essência da beleza e da verdade.

Clara fechou o caderno com cuidado, sentindo o peso da história em suas mãos. Aquele desenho, encontrado por acaso em um sótão empoeirado, havia lhe contado uma história silenciosa, uma história de paixão, solidão e a eterna busca por algo mais. Ela sabia que voltaria muitas vezes àquele caderno, tentando decifrar os segredos que Elias havia confiado às frágeis páginas, sentindo-se, de alguma forma, tocada por aquela mão estendida através do tempo. A luz do sol poente banhava o sótão em tons dourados, iluminando brevemente a capa do caderno antes que Clara o guardasse com o cuidado de quem protege um tesouro. A história da mão de Elias continuaria a viver ali, esperando para ser redescoberta a cada nova abertura de suas páginas.

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