A Morada Invisível – Capítulo 4

Já não me reconheço fora de Veramor. No plano do mundo, caminho entre rostos, compromissos e obrigações, mas é como se meus pés tocassem o chão apenas por hábito. Dentro de mim, habita algo maior: tua lembrança constante, teu cheiro inventado que minha memória insiste em preservar, tua risada silenciosa que ecoa nas pausas do meu dia.

A distância não anula o que somos, apenas nos devolve à essência do sentir. Descobri que o amor verdadeiro não precisa de presença constante, mas de permanência sincera no pensamento e no coração. Por isso, mesmo quando o cotidiano nos dispersa, mesmo quando não nos encontramos, mesmo quando não nos falamos, há um lugar onde sempre permanecemos juntos, e esse lugar é o que nos sustenta.

“Não preciso do toque das tuas mãos para sentir teu afeto. Basta a lembrança do teu olhar sereno, da forma como pronuncias meu nome em pensamento, e tudo dentro de mim se acalma. Habito esse espaço invisível onde você me guarda, talvez entre um suspiro e outro, entre um silêncio e um sorriso distraído. E nesse lugar onde não há mapas, somos inteiros. Porque quando penso em você, o mundo desacelera, o tempo se curva e o amor se faz presente, mesmo que ninguém mais o veja. É ali, naquilo que não se vê, que encontro minha morada mais real: dentro do teu sentir por mim.”

É isso o que me basta. Permanecer no teu pensamento, como você no meu. Esse vínculo invisível que nos une é mais sólido do que qualquer pedra. Ele nos protege, mesmo quando o mundo lá fora se torna barulhento demais. Enquanto o tempo corre, Veramor permanece como uma morada oculta entre o silêncio e a verdade.

A Morada Invisível – Capítulo 4

V&R
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