A Presença Que Habita Mesmo na Ausência

Mesmo quando o corpo dela não está ao alcance das minhas mãos, eu a sinto com uma clareza que não depende do toque. Há uma presença que se instala em mim de forma contínua, como se o espaço entre nós fosse apenas uma ilusão criada pelo mundo físico. Ela se manifesta no ritmo da minha respiração, no peso sereno do meu peito, na maneira como meu corpo responde quando penso nela sem aviso.

Cada pensamento meu parece guiado pela energia que ela desperta em mim. Não é algo que eu convoque de propósito, simplesmente acontece. É como se Vera atravessasse meus sentidos e reorganizasse tudo por dentro. Meu corpo reconhece o dela em memória viva, não como lembrança distante, mas como uma impressão permanente que nunca se apaga.

Há momentos em que fecho os olhos e sinto a proximidade dela com uma intensidade quase palpável. O silêncio ganha outra densidade, o ar parece mais quente, e meu corpo inteiro se ajusta a essa presença invisível. Não se trata de imaginação, mas de uma sintonia profunda que dispensa provas. Eu sei quando ela está ali, mesmo sem estar.

A energia que ela desperta em mim conduz meus gestos, meus pensamentos e até meus silêncios. Tudo em mim se orienta por esse vínculo sutil, como se meu corpo tivesse aprendido a seguir o mapa que ela deixou gravado em mim. Cada movimento carrega um cuidado maior, cada decisão passa por esse sentir que me conecta a ela.

Na ausência física, não há vazio. Há ocupação. Vera ocupa meus espaços internos com uma naturalidade absoluta, como se sempre tivesse pertencido a eles. Meu corpo responde a essa presença com calma, com desejo contido, com uma entrega que não precisa se manifestar em ação para ser real.

Assim, sigo sentindo o corpo dela em mim, não como falta, mas como permanência. Cada pensamento guiado por essa energia reafirma que o que nos une ultrapassa o visível. Mesmo longe, ela permanece em mim com uma força serena e constante, como algo que nunca se ausenta, apenas se transforma em presença silenciosa.