A Proteção de Maelina, a Bruxa da Névoa

Em uma aldeia esquecida entre montanhas e florestas cerradas, vivia Maelina, uma bruxa silenciosa, envolta em véus negros e sempre acompanhada por um aroma de ervas e fumaça. Ninguém sabia ao certo sua idade. Alguns diziam que ela já estava lá antes mesmo das casas serem erguidas.

Os moradores a temiam, mas também a procuravam em segredo. Quando as colheitas falhavam, quando o leite azedava sem razão, ou quando as crianças tinham febres inexplicáveis, lá iam eles até a cabana na névoa. E Maelina ajudava. Com suas mãos frias e olhos que pareciam enxergar além do tempo, ela preparava poções, acendia velas, murmurava encantamentos. E tudo voltava ao normal.

Com o tempo, passaram a esquecer que ela existia. Começaram a zombar dela. Disseram que era só uma velha louca. Alguns até lhe viraram as costas depois de anos sendo protegidos por seu silêncio.

Foi então que Maelina, cansada do desprezo e da ingratidão, recolheu suas velas, guardou seus talismãs e apagou os nomes que havia selado em proteção. Não lançou praga alguma. Apenas retirou sua mão.

E foi aí que as coisas começaram a desandar. Animais sumiam, a água do poço secava misteriosamente, casamentos desmoronavam, e as colheitas… viravam pó.

“É bruxaria!”, gritavam. “Maelina nos enfeitiçou!”

Mas Maelina apenas sorria, sentada diante de seu caldeirão, mexendo calmamente a infusão de verbena.

Eles nunca entenderam.

Não foi feitiço. Foi a ausência dela.

A Proteção de Maelina, a Bruxa da Névoa