A Reforma Infinita – Capítulo 16

No coração do Reino de Veramor, há paredes que racham com o tempo, assim como há silêncios que se acumulam entre os tijolos do cotidiano. Reforma não é só matéria, é metáfora.

O Rei caminha entre fios expostos e tintas secas, anotando medidas, verificando infiltrações, conferindo cada aresta da estrutura que abriga os sonhos partilhados. Ele não se queixa da bagunça. Aprendeu que o que se constrói com paciência se sustenta com firmeza.

A Rainha entra na sala com a prancheta em mãos, olhar atento e postura serena. Traz consigo os mapas da casa e do tempo. Entre eles, o espaço onde mora a ternura.

— “Vai demorar mais do que imaginamos”, ela diz, passando os olhos pelas paredes abertas como feridas antigas.

O Rei sorri de leve, sem interromper o trabalho:
— “Reforma é isso: remexer o que já parecia pronto… como você faz com meu silêncio.”

Ela o encara com o canto dos olhos, sem pressa:
— “E ainda assim, meu silêncio sempre acaba cedendo à tua presença.”

Em Veramor, até o reboco leva poesia. Porque há reformas que não transformam só casas, transformam quem escolhe continuar.

A Reforma Infinita – Capítulo 16

Brasão Reino de Veramor

V&R
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