A Respiração Que Me Empurra ao Abismo – Capítulo 3

Acordo pensando em ti como quem desperta diante da única fonte de água depois de atravessar um deserto inteiro de saudade

A Respiração Que Me Empurra ao Abismo

A maneira como respiras quando te desejo me deixa sem chão. Basta fechar os olhos para que tua respiração ganhe vida dentro de mim, primeiro suave, depois intensa, até dominar tudo ao redor. Sinto teu ar quente roçando meu pescoço, mesmo que estejas longe, e essa memória viva faz meu corpo inteiro responder como se teus lábios estivessem ali, a um milímetro da minha pele.

É no ritmo do teu respirar que meu desejo desperta e cresce, pulsando no mesmo compasso. Cada vez que teu peito sobe e desce, mesmo na imaginação, algo em mim se acende e se espalha, como faísca encontrada por vento. Tua respiração se torna guia, se torna caminho, se torna convite para um lugar onde não existe nada além do agora, do toque prometido, do calor que ameaça explodir.

Quando teu fôlego acelera, eu me perco. Sinto o corpo tremer como se estivesse prestes a cair de um penhasco, mas não há medo algum, apenas a certeza absoluta de que tu me esperas lá embaixo com teu calor, tua fome, teu gemido que me rasga e me reconstrói. Eu me lanço sem pensar, de olhos fechados e alma entregue, porque sei que no fundo desse abismo és tu quem me recebe, quem me segura, quem me consome. É tua respiração que me chama e me empurra, e eu sempre atendo, sempre caio, sempre volto para ti.

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