⚝ A Ressonância do Abismo – Capítulo XXXI

O som não ecoa no abismo, ele nasce lá. É uma melodia grave, impossível de ser traduzida em linguagem humana, mas que reverbera direto na espinha dos que se aproximam demais da beira. Não é apenas ruído: é lembrança, é prenúncio, é um chamado.

Liora permanece na borda, sentindo o peso da vibração percorrer seus ossos. Ela escuta, embora ainda não tenha caído. Cada nota sussurrada no vazio traz consigo um fragmento de verdade esquecida, um eco das vontades que a quebraram — ou moldaram. A ressonância do abismo não é para os caídos. É para os que ainda resistem à queda.

Aos poucos, ela percebe que o abismo também a escuta. E canta de volta.

“O fundo do abismo é onde o silêncio canta.”

A Ressonância do Abismo – Capítulo XXXI