A Roda da Alegria – Capítulo 158

Reino de Veramor nova capa

A Roda da Alegria

O salão principal estava iluminado por uma claridade suave que entrava pelas grandes janelas, criando reflexos dourados no piso polido. O ar parecia leve, quase dançante, como se carregasse consigo a promessa de um instante feliz. A Rainha, rindo com inocente surpresa, deixou que o Rei tomasse suas mãos, e juntos começaram a girar no centro do salão. Seus passos não seguiam nenhuma música conhecida, apenas o ritmo doce do próprio riso que escapava deles como se fosse uma melodia viva.

Ícaro, empoleirado em uma viga alta, abriu as asas e começou a cantar. Suas notas vibravam com alegria, acompanhando o movimento do casal. Era um canto claro, cintilante, repleto de entusiasmo. O pássaro parecia compreender que aquela dança não era apenas um gesto brincalhão, mas uma celebração íntima de tudo o que haviam reconstruído juntos. Sua voz se somava ao giro das mãos, ao deslizar dos pés e ao brilho dos olhos que se encontravam no centro da alegria.

Nilo, animado pela energia do momento, correu em volta de Lórien com entusiasmo contagiante. O cão movia-se em círculos, as orelhas saltando a cada passo, como se também quisesse fazer parte daquela roda luminosa. Lórien acompanhava tudo com serenidade e encanto silencioso. Seus olhos atentos seguiam o pássaro no alto, o casal girando e o cão brincando ao seu redor. Ele permanecia firme e tranquilo, como um pilar de equilíbrio em meio àquela celebração vibrante.

O Rei e a Rainha continuaram girando, rindo como dois jovens que descobrem o mundo de novo. A cada volta, o salão parecia se expandir, acolhendo mais luz, mais som, mais vida. O toque das mãos aquecia o momento, e o bater do coração acompanhava a cadência espontânea daquela pequena dança. Era como se o amor ganhasse forma em movimento, rodando livre, leve e eterno.

Ícaro intensificou o canto, criando pequenas variações musicais que pareciam acompanhar o riso da Rainha. Nilo finalmente parou diante de Lórien, arfando de felicidade, e o cão tocou sua cabeça com carinho, como quem aprova a alegria que corre livre no espaço. O salão inteiro parecia respirar em harmonia, unindo todos os sons, gestos e olhares em uma única vibração.

A roda diminuiu o ritmo até que o Rei e a Rainha pararam, ainda rindo, abraçados no centro do salão. O ar permanecia brilhante, quase palpável, como se guardasse a energia daquele instante para que nunca fosse esquecido. A Rainha apoiou a testa na do Rei, e ele sorriu com a certeza de que aquele era um dos momentos que o tempo jamais levaria.

A fase do Tempo das Brincadeiras se encerrava ali, não com despedida, mas com celebração. A alegria deles era a prova viva de que o amor, quando cultivado com leveza e verdade, cria seu próprio movimento e renova todos ao seu redor. O castelo de Veramor respirava contente, abençoado pelo riso que ecoava nas paredes e pelo canto de Ícaro, que ainda vibrava no alto, eterno como a luz que entrava pelas janelas.

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