A Tarde que Escapou Pelos Dedos

Planejaram mil coisas para aquela tarde. A lista estava lá, cheia de intenções, mas nenhuma delas parecia mais importante do que simplesmente se perder um no outro. Quando perceberam, estavam abraçados, deitados entre lençóis que guardavam o calor de seus corpos, vendo o tempo passar como se ele fosse feito apenas para eles. O Rei olhava para sua Rainha Vera e, em silêncio, sorria como quem compreende que nenhuma obra, nenhum plano, nenhum compromisso poderia ser maior do que o privilégio de sentir sua pele junto à dela.

Os gatos Luzia e Nilo repousavam aos pés da cama, preguiçosos, como se também tivessem se rendido ao feitiço daquele instante. Lórien e Bravus, deitados na porta, guardavam a cena como fiéis sentinelas, cúmplices do amor que reinava naquele quarto. O Rei acariciava os cabelos da Rainha, beijava sua testa com ternura, depois seus lábios com desejo ardente, até que a suavidade se transformava em fome, e o toque se fazia promessa e entrega.

A Rainha, envolta pelo olhar que a despia mais do que qualquer gesto, se deixava seduzir, mas também o provocava com a delicadeza de seus dedos percorrendo o peito dele, como se quisesse acender nele todas as chamas guardadas. O Rei, rendido, entregava-se por inteiro, não apenas em corpo, mas em alma. Ele a adorava em cada detalhe, em cada curva, em cada suspiro roubado, e fazia de cada carícia um juramento silencioso de cuidado e devoção.

O tempo, esse tirano, parecia se dissolver quando estavam juntos. O Rei dizia em voz baixa, quase um sussurro que se perdia entre beijos e toques: perder tempo contigo é ganhar vida. A Rainha fechava os olhos, sorrindo, como quem sabe que ali, naquele instante roubado ao mundo, o amor era mais eterno do que qualquer relógio poderia medir.

E assim, entre sedução e ternura, entre erotismo e carinho, entre o desejo ardente e o zelo profundo, a tarde inteira escorreu pelos dedos. Mas nada se perdeu, porque cada segundo gasto nos braços dela era a eternidade que o Rei sempre sonhou.