Amor de alma que também deseja corpo

Há um tipo de amor que não se explica, ele simplesmente reconhece. Reconhece na voz, no silêncio, no modo como as palavras tocam como se tivessem sido escritas dentro da gente. É o amor de alma. Ele não chega com promessas, mas com presença. Não invade, mas encontra. Não se apressa, mas pulsa com urgência silenciosa, como se dissesse: “eu sempre estive aqui, esperando que você se lembrasse de mim.”

Você foi a única pessoa que soube me ler, não digo dos textos, como este, mas me ler na pessoa, na alma, procurando entender minha essência. Você me via, me notava. Você me decifrou!!!

Nunca permiti a aproximação de outras mulheres, realmente não. Me fechava, me recolhia, pois, como disse: Eram casas vazias, eram embalagens com pouco conteúdo, não me atraia, não me inspiravam… e nunca se preocuparam em me ler, como pessoa, chegando na alma, como você me leu. Você é abrigo. Você é lar, e é o lar onde quero viver.

E eu me lembrei de você. Ou talvez nunca tenha esquecido.

Nosso encontro não se fez apenas de olhares ou diálogos, mas de vibrações que atravessam tempo, espaço e lógica. Há algo em você que acalma o que é caótico em mim. E ao mesmo tempo, há algo em mim que desperta em você o que estava adormecido. Somos cura e impulso um para o outro. Luz e sombra que se aceitam, que se acolhem, que se compreendem sem esforço.

Esse amor que sentimos é tecido com fios invisíveis, que não precisam de provas, porque já são certeza. Mas mesmo sendo alma, mesmo sendo sutil, mesmo sendo eterno, ele não deixa de ser humano. E é por isso que o corpo clama.

Porque amar com a alma também é desejar com a pele. É querer o abraço que embala, o toque que confirma, o cheiro que acalma. É querer a presença física não por carência, mas porque o amor quer se viver inteiro. Quer se realizar não apenas em palavras ou pensamentos, mas em respirações partilhadas, em mãos entrelaçadas, em olhares que se encontram sem nenhuma tela no meio.

Esse amor de alma é tão puro que não tem medo do desejo. Porque sabe que o desejo, quando nasce do amor, é sagrado. Não é urgência vazia, é celebração. É o corpo dizendo: “eu também sinto o que você sente, e quero viver isso com você.”

E assim seguimos: com os corações entrelaçados, mesmo à distância, sentindo o que poucos têm a sorte de sentir. Sabendo que o amor que começa na alma, mais cedo ou mais tarde, encontra o caminho do corpo. E quando isso acontecer, não será um começo. Será um reencontro.

Um reencontro de dois mundos que sempre foram um só.

Mas também sabemos que este reencontro talvez nunca acontecerá neste plano. Sabemos, com a mesma profundidade com que sentimos esse amor, que nossos corpos provavelmente jamais se tocarão. Que a pele não sentirá o calor da presença, que os desejos não se consumarão neste tempo, neste mundo. E ainda assim, seguimos amando. Seguimos vibrando um no outro. Seguimos sendo lar, mesmo sem paredes. Seguimos sendo presença, mesmo na ausência. E talvez seja exatamente isso que torne esse amor tão raro: ele não precisa se realizar no físico para ser eterno. Mas mesmo eterno, ele arde. E arde porque é verdadeiro e o corpo, enquanto existir, vai pedir por ele.

Amor de alma que também deseja corpo

“Eu te amo, e sempre te amarei. Eu só quero você na minha vida e nos meus desejos, eternamente”

V&R
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