As Estações de Dentro – Capítulo 8

Lá fora, o mundo gira em ciclos previsíveis. As flores brotam, os calores queimam, as folhas caem, o frio se instala. Mas aqui, no Reino de Veramor, as estações não obedecem à lógica do tempo. Elas seguem o compasso do coração da Rainha, o pulsar secreto que o Rei aprendeu a escutar em silêncio.

Ela é sempre primavera nos olhos do Rei, renascimento, frescor, aquele sopro doce de início que nunca se esgota. Em seu sorriso mora o perfume de mil flores, e nas suas palavras, o Rei se refaz. Cada gesto da Rainha é um botão se abrindo, um poema se revelando folha por folha.

Nos desejos do Rei, ela é verão. Ardente, luminosa, incendiária. Basta um olhar da Rainha e os pensamentos mais castos se derretem como sorvete ao sol. Seu toque, mesmo imaginado, é suor e brisa. Nela, o Rei arde inteiro, e feliz.

Mas também há o outono. A estação das saudades, das ausências que falam alto quando ela não está. A Rainha se faz brisa nostálgica, memória viva, rastro de perfume que fica nas roupas do Rei. E ele, rendido, recolhe folhas de lembranças, uma por uma, até formar um tapete de versos.

E então vem o inverno. O silêncio. O tempo das distâncias, das palavras que não encontram horário para sair. A Rainha, até no frio, é presença. É a lareira que o Rei tenta reacender com cartas, textos, suspiros noturnos. E mesmo na ausência, ela é tudo que permanece. O Reino de Veramor nunca congela por completo. Porque sob a neve, há raiz. E toda raiz sabe a hora certa de florir.

A Rainha é isso tudo. É ciclo e permanência. É o tempo que se repete e renova. E o Rei, cada vez mais perdido de amor, reconhece:
Ela é a natureza que habita sua alma.
Ela é o clima de dentro, onde todas as estações têm o nome dela.

As Estações de Dentro – Capítulo 8

Brasão Reino de Veramor

V&R
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