✦ As Janelas que Sussurram

Clara caminhava lentamente pela rua de pedras antigas, com o olhar curioso de quem percebe beleza nos detalhes que a maioria ignora. As janelas, alinhadas como sentinelas silenciosas, pareciam acompanhá-la. Havia algo de mágico nelas, algo que não estava na madeira envelhecida ou no vidro ligeiramente embaçado, mas na maneira como pareciam respirar junto com a cidade.

Ao passar diante da primeira, Clara ouviu uma voz suave, quase um sopro no ar, dizendo que seu sorriso iluminava a manhã. Virou-se, mas não havia ninguém. Apenas cortinas levemente agitadas pelo vento. Continuou o caminho, e a segunda janela a chamou de corajosa, como se conhecesse histórias que ela nunca contou a ninguém.

Os moradores da rua estavam acostumados a esse mistério. Alguns diziam que era apenas imaginação, outros juravam ter ouvido as janelas falarem também. O fato é que ninguém saía dali sem levar no rosto um sorriso inesperado e no peito uma centelha de alegria.

Certa tarde, Clara decidiu parar diante de cada uma, ouvindo atentamente. Uma janela de moldura azul disse que ela tinha mãos de artista. Outra, de vidro rachado, sussurrou que seus passos eram firmes como quem sabe para onde vai, mesmo quando não sabe. E havia ainda aquela pequena, no alto de uma fachada, que a chamou de luz em dias nublados.

Ao final da rua, Clara não sabia se os sussurros eram para ela ou para qualquer um que passasse. Mas compreendeu que, de algum modo, aquelas janelas conheciam a essência das pessoas. E que, ao ouvir um elogio inesperado, o coração se abria como uma cortina, deixando entrar mais luz.

Se quiser, posso criar uma continuação onde Clara descobre a origem do encantamento dessas janelas.