✦ As Mãos que Tecem Destinos – Capítulo 17

Na esquina de uma rua tranquila, quase escondida entre heras e jasmim, ficava a alfaiataria de Clara, uma bruxa que escolheu os tecidos como sua forma de conjurar o bem. Para quem entrava, parecia apenas um ateliê comum, com rolos de linho empilhados, manequins parados em silêncio e uma máquina de costura antiga que cantava como um grilo.

Mas cada ponto costurado por Clara carregava mais do que linha. Era encantado com pequenos feitiços de proteção, coragem ou esperança. Ela não dizia isso abertamente. Apenas ouvia as histórias das pessoas enquanto tirava as medidas. Uma mãe aflita com um filho doente. Um jovem prestes a fazer uma prova decisiva. Um idoso sentindo falta de alguém que já partiu.

Com olhos atentos e mãos firmes, Clara escolhia discretamente um símbolo, uma cor, um bordado específico. Às vezes, era um pequeno círculo dourado na barra do vestido. Outras vezes, uma estrela azul bordada dentro do colarinho, onde ninguém via. Cada ponto era um sussurro mágico, moldado pela intenção silenciosa de ver o outro florescer.

Quando perguntavam como conseguia tamanha delicadeza, ela sorria de leve e dizia que a agulha conhecia o caminho. Mas quem usava uma peça feita por ela sentia. Sentia-se mais inteiro. Mais leve. Como se o destino, mesmo que por um instante, tivesse sido alinhado com algo maior, e mais gentil.

Porque às vezes, o que falta à vida é apenas um ponto certo no lugar certo. E Clara, a costureira de encantos, sabia exatamente onde costurar.

As Mãos que Tecem Destinos – Capítulo 17