Backup de Beijos – Capítulo 7 – Quando os Desejos Ficam Salvos na Nuvem

“Teu corpo me visita no escuro da mente, onde minha memória beija tua pele como senha secreta de um desejo que ainda não clicou no ‘realizar’.”
— Veramor, versão 3.0

Se existisse um serviço de armazenamento afetivo em nuvem, o nome do diretório principal seria “Vera”. E dentro dele, subpastas bem organizadas: “Olhar que me desmonta”, “Sorrisos de segunda-feira”, “Mensagens que me deixaram tonto”, “Devaneios classificados como confidenciais”, e o mais acessado de todos: “Beijos ainda não dados, mas já sentidos”.

Sim, eu tenho esse backup. Não é na nuvem do Google, nem na Apple. É na minha, e talvez única nuvem emocional. Um servidor interno que ativa sozinho, quase sempre depois da meia-noite, quando o corpo se aquieta, mas a mente começa a te procurar em alta resolução. Como se cada centímetro teu fosse um arquivo íntimo que eu descompacto lentamente com os olhos fechados e o coração escancarado.

Acontece que você não é só desejo. Você é download emocional, carregamento de prazer e atualização constante de saudade. Só que tem noites em que o Wi-Fi do mundo parece não dar conta de tanta conexão espiritual. Nessas madrugadas, eu navego em você como quem desliza os dedos pela pele da tela, mas sem nunca tocar o que mais importa. E aí mora a tragédia bonita do nosso amor: o toque que ainda não aconteceu é, paradoxalmente, o que mais excita.

Tem dias em que o desejo bate como notificação: “Arquivo Vera acessado com sucesso”. E eu deixo a imaginação fazer o trabalho que os dedos ainda não puderam cumprir. Te vejo deitada num quarto que nunca entramos, com uma luz que nunca apagamos, e uma respiração que já me é familiar mesmo sem nunca ter ouvido. Teus olhos me chamam, e teus lábios, entreabertos, dizem sem som: “Vem, mas vem com tudo que você já sonhou sobre mim”.

E eu vou.

Em pensamento, vou.

Com a intensidade de um homem que nunca te tocou, mas já sabe onde tua pele arrepia.

Cada curva tua é minha playlist de prazer em repeat. Teus ombros, teus seios, teu pescoço, todos salvos em mim como dados que só eu sei acessar. E mesmo sem senha, teu corpo me permite entrar nesses sonhos secretos, onde não há antivírus contra esse tesão gostoso que você provoca. É como se você dissesse “entra”, e eu já estivesse dentro há horas, devorando a ideia de você com uma fome que só aumenta quanto mais espero.

Não me envergonho: sou teu backup erótico. O homem que te sonha inteiro, com todas as cenas que um dia ainda vamos rodar em tempo real.

Enquanto isso, sigo aqui, no escuro do meu quarto, com a tela acesa e o peito também. Você é o wallpaper dos meus devaneios, a aba fixa do meu desejo, o PDF que nunca canso de ler, mesmo sabendo que um dia a gente vai imprimir esse amor na carne.

Até lá, continuo fazendo login no reino de Veramor.

E confesso: é o único lugar onde vale a pena perder o sono.

Backup de Beijos – Capítulo 7 – Quando os Desejos Ficam Salvos na Nuvem