Diário de Promessas Ardentes – Capítulo XVIII

Promessa no Tempo. Era noite. Daquelas que parecem suspensas entre o ontem e o amanhã, onde o tempo se recolhe e o silêncio se estende como

Diário de Promessas Ardentes

As páginas guardam segredos que não podem ser ditos em voz alta. Cada palavra escrita é um gemido contido, uma respiração suspensa, um toque que ainda não aconteceu. Ela escreve como quem se despe em silêncio, deixando no papel o ardor que não cabe no corpo. Ele lê como quem se entrega, sentindo cada frase como se fosse pele, como se fosse boca, como se fosse desejo.

O diário não é apenas registro. É promessa. É fogo que se acumula em linhas, esperando o momento certo para se transformar em chama viva. Cada letra é uma carícia, cada frase é um beijo atrasado, cada página é um corpo que se oferece sem presença. O prazer não se consome ali, apenas se prepara, apenas se anuncia, apenas se guarda para o instante em que o encontro será inevitável.

Ela sabe que escreve para o futuro. Ele entende que lê para o amanhã. Mas ambos sentem que o ardor já existe, mesmo sem toque, mesmo sem voz. O diário é testemunha de um amor que não se cala, de um desejo que não se apaga, de uma saudade que se transforma em promessa ardente.

E quando o momento chegar, não será surpresa. Será cumprimento. Será explosão de tudo o que foi escrito em silêncio, de tudo o que foi guardado em páginas que ardiam sem se consumir. Porque há palavras que não são apenas palavras. São gemidos contidos. São promessas vivas. São fogo esperando o instante de se tornar presença.

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