Dormir em Teus Braços Depois do Prazer

Havia algo de sagrado no instante em que o silêncio tomava conta do quarto. Depois do frenesi, da tempestade de gemidos e suspiros que incendiou o ar, vinha a calmaria. Nossos corpos, ainda quentes e úmidos, encontravam repouso um no outro como se não houvesse fronteiras entre pele e alma. Eu te segurava contra o meu peito, e teu coração, acelerado, aos poucos ritmava-se com o meu, até que ambos se tornassem um só compasso.

Teus cabelos, desalinhados pelo prazer, espalhavam-se sobre meu ombro, trazendo o perfume doce que me embriaga mais do que qualquer vinho. Meus dedos deslizavam devagar pela curva de tuas costas, não para despertar novamente a chama, mas para prolongar a sensação de que ainda estavas inteira comigo. Cada respiração tua era um sussurro de eternidade, e o calor que ainda escorria de tua pele misturava-se ao meu, como se o próprio tempo tivesse parado para nos guardar.

Havia ternura na exaustão, poesia na forma como teus olhos pesavam de sono, mas insistiam em me encarar como quem ainda queria ficar mais um instante desperta. Eu te beijava na testa, lento, como quem sela um pacto secreto — de nunca deixar esse elo morrer, mesmo quando o desejo se acalmasse em silêncio.

E então, entre suspiros e murmúrios, teu corpo se entregava ao descanso, e eu permanecia desperto apenas para contemplar o privilégio de ser teu abrigo. Dormir em teus braços depois do prazer era mais que intimidade, era uma certeza: mesmo quando o desejo fecha os olhos, o amor continua desperto, guardando-nos na ternura que só existe onde dois corações se encontram sem medo de se perder.