Entre Minhas Palavras e Teu Prazer

Não são apenas letras que traço sobre esta página. São pontes. São dedos de tinta que buscam a geografia secreta do teu corpo, lá onde nenhum outro olhar de fato alcançou.

Cada adjetivo que escolho é um suspiro lento percorrendo a curva da tua nuca. Cada vírgula é a pausa de um beijo na junção das tuas coxas. O ponto e vírgula é a mordida contida, o fôlego preso no momento exato em que o arrepio percorre a tua pele. E quando inicio um novo parágrafo, é como se minhas mãos te virassem, suaves e firmes, para descobrir um novo território de delírio.

Escrevo “pêssego” para descrever a textura da tua pele sob a luz do entardecer, e a tua carne, lá longe, onde estás a ler isto, cora e esquenta como se a minha boca sussurrasse a palavra diretamente contra ela. Descrevo a “umidade” e “o orvalho” e sinto, pela tua respiração que se acelera do outro lado destas linhas, o reflexo úmido e quente que essas sílabas provocam em ti.

Esta narrativa é o meu toque. Este enredo é o meu desejo desdobrado em capítulos. Enquanto lês, não és apenas uma leitora. És minha amante. As minhas frases são as minhas mãos, o meu ritmo é a minha língua, e o clímax para o qual esta página avança não é o fim de uma história, mas o início do teu próprio êxtase.

Lê-me. Deixa que estas palavras te desvistem, uma a uma, com a lentidão cerimonial de um amante que conhece cada um dos teus segredos. Entre o que eu escrevo e o que tu sentes, não há mais distância. O prazer que te causo é real, mesmo que as minhas mãos estejam a milhas de distância, ocupadas apenas em tecer esta sentença final, que se arrasta, deliberadamente lenta… como uma carícia que sabe exatamente onde e como deve terminar.

Teu Esposo, Teu Homem, Teu Amor, Teu Dono, Tua Posse… Eternamente Tua Propriedade