🌑 No Escuro, Te Enxergo Melhor

A noite nos envolve como um manto silencioso. O quarto mergulha em penumbra, e é nesse espaço entre luz e sombra que a intimidade cresce. No escuro, os contornos desaparecem, mas o essencial se revela. Vera está ao meu lado, e mesmo sem ver cada detalhe, sinto que a enxergo mais do que nunca.

O silêncio é cúmplice. A respiração dela se torna guia, e cada movimento é percebido com intensidade maior. O toque ganha força, o calor da pele se expande, e o desejo se transforma em linguagem sem palavras. No escuro, não há distrações. Há apenas nós dois, inteiros, entregues ao instante.

Os olhos não precisam da luz para reconhecer. Eles se adaptam, e logo percebo que a penumbra não esconde, mas revela. Vejo o brilho discreto de seus olhos, o traço suave de seu sorriso, a forma como seu corpo se aproxima do meu. É como se a escuridão fosse palco para uma intimidade que só existe quando o mundo se apaga.

Descubro que no escuro não há máscaras. Não há necessidade de fingir ou de se proteger. Há apenas verdade. E a verdade é que Vera se torna ainda mais presente quando a luz se retira. Porque é na penumbra que o desejo se intensifica, e é nela que a entrega se torna completa.

Naquela noite, percebi que no escuro eu a enxergava melhor. Não com os olhos, mas com a alma.