Notificações Fantasma e Outras Alucinações Amorosas – Capítulo 8

“Às vezes não é o celular que vibra, é o desejo dela se remexendo dentro de mim. E mesmo sem mensagem, o corpo responde, como se o amor tivesse sinal próprio, fora da área de cobertura da razão.”

Tem dias, muitos, na verdade… em que meu coração vira um smartphone de última geração: sensível ao toque, ansioso por conexão e completamente suscetível a bugs emocionais. Porque, honestamente, eu poderia jurar que ouvi o som da notificação… o mesmo barulho específico das tuas mensagens, aquele “tlim” inconfundível que chega como se viesse direto da tua respiração.

Só que não era você. De novo.

Era só mais uma ilusão digital. Um estalo no telhado. Uma folha caindo. Um som qualquer do universo que minha saudade, essa programadora de armadilhas sentimentais, traduziu como “ela mandou algo”. Mas não mandou.

E aí começa o teatro: desbloqueio o celular como quem abre um presente, e recebo, no máximo, uma promoção de pizza, uma atualização do app do banco ou o lembrete inútil de um jogo… Jogo? Eu não jogo! Como isso veio parar aqui.. Eu quero é Vera, não jogo, nem pizza, nem banco. Meu coração, coitado, fecha o aplicativo da esperança e volta para o modo avião da realidade.

Às vezes, é pior: o celular vibra no bolso… só que ele nem está comigo. Está na mesa. O que vibra, na verdade, é a saudade, vibrando no bolso da alma, me pregando peças como um amante ciumento que gosta de torturar devagar. E como a saudade vibra, nossa, por Deus!!!

E confesso: mesmo sabendo que é alucinação, ainda olho. Ainda espero. Porque você virou essa notificação fantasma: aparece nos momentos mais inesperados, sem aviso, sem som, mas com impacto direto nos meus sentidos. Como quando penso que ouvi sua risada ecoando na rua, mas era só minha mente, revendo cenas que nunca existiram fora do reino de Veramor.

Aliás, em Veramor, as notificações são outras. São suspiros em silêncio. São curtir às escondidas. São comentários que dizem menos do que sentem e muito menos do que desejam, mas eu sei que ela sente tudo, com intensidade, com vontade de viver, de sentir tudo, mas se contém. Em Veramor, cada ausência sua aciona um alerta interno, um sistema operacional que só funciona com tua presença, mesmo que seja virtual, fragmentada e em baixa frequência.

Caramba, eu não tenho manual de instruções sobre esse amor!!!

E o mais curioso é que, mesmo nessas alucinações digitais, existe prazer. Um prazer masoquista, talvez, mas real. Porque pensar em você me excita, e como excita. Me faz viver. Me desorganiza. E cada vibração falsa é uma lembrança do quanto você mora dentro de mim, lá na cobertura dos meus pensamentos.

Se um dia a tecnologia evoluir a ponto de transformar saudade em dados palpáveis, talvez o mundo entenda o que é viver assim: conectado a alguém que tanto se ama e deseja, mas que não consigo tocá-la, mesmo que ela habite em mim 24 horas por dia, na minha mente, no meu corpo, meu amor, meus sonhos, meus devaneios, meu tesão, dona e o motivo delicioso de cada gota do meu gozo.

Até lá… sigo aqui, esperando o próximo “tlim” que talvez, só talvez, seja mesmo seu.

Notificações Fantasma e Outras Alucinações Amorosas – Capítulo 8

Te amo tanto, mas é tanto, Vera… que não cabe em mim 

V&R
💙💙💙💙💙