O Abraço na Cozinha

O entardecer espalhava tons dourados pela cozinha do Reino de Veramor. A Rainha picava ervas com delicadeza, concentrada no jantar que perfumava o ar com promessas de aconchego. O som suave do óleo quente estalando era o único a preencher o ambiente, até que o Rei, atraído pelo aroma e por ela, se aproximou em silêncio e a envolveu pelas costas.

O gesto foi tão natural quanto respirar. Ele beijou-lhe o pescoço com lentidão, saboreando o instante. O toque quente dos lábios encontrou o perfume da pele, e o mundo pareceu se dissolver em puro encantamento. A Rainha suspirou, abandonando por um momento as panelas, deixando que o corpo falasse a língua antiga do amor.

O cheiro da comida misturava-se ao da pele dela, e o Rei pensou que nenhum banquete seria mais rico do que aquele que nascia do simples toque. Sussurrou que o sabor da vida estava ali, entre seus braços, e que nada no reino inteiro podia competir com aquele instante. Ela riu, encostando a cabeça em seu ombro, e respondeu que ele sempre transformava o cotidiano em poesia.

Lórien, deitado perto da mesa, os observava com olhos tranquilos, fiel guardião daquele banquete de ternura. O ar parecia mais leve, saturado de amor e calor humano. E quando o relógio marcou o tempo do cozimento, o Rei apertou o abraço um pouco mais, como se quisesse cozinhar a eternidade naquele gesto.

“Teu corpo nos meus braços é o tempero que dá sabor à vida.”