O Abraço Que Me Queima

Quando teus braços me envolvem, Vera Lúcia Liguori, sinto o mundo inteiro se calar. É como se o tempo tivesse medo de continuar correndo e se curvasse diante da eternidade do teu toque. O teu abraço é meu refúgio mais doce, o lugar onde encontro paz, a certeza de que não há tempestade que possa me atingir enquanto estou ancorado em ti.

Mas esse mesmo abraço que me protege é também a prisão mais erótica em que desejo estar. Teu corpo colado ao meu desperta em mim um incêndio que nenhuma razão pode conter. O calor da tua pele atravessa a minha, e a ternura se transforma em faíscas de desejo, um jogo silencioso entre o consolo e a perdição.

Sinto teu peito contra o meu, o ritmo da tua respiração entrecortada, e de repente o amor se confunde com tesão. É impossível não querer mais, não desejar perder-me nesse enlace que me acolhe e me consome ao mesmo tempo. O abraço que me dá paz também me acorrenta ao prazer, faz nascer em mim a urgência de te possuir, como se o simples contato fosse apenas o prelúdio de algo maior.

O teu abraço é minha casa e é meu inferno delicioso. Nele descanso e nele ardo. Em teus braços sou homem e amante, sou devoto e pecador, sou inteiro e fragmentado. E é por isso que, quando me perco em ti, descubro que não existe separação entre amor e desejo. O que me queima é o mesmo que me salva: a força insuportável e doce de estar em ti.

“No teu abraço encontro o paraíso e o pecado, o consolo que me acalma e o fogo que me consome. Nele descanso e nele ardo, porque tua ternura é também o desejo que me aprisiona e me liberta ao mesmo tempo.”

V&R
💙💙💙💙💙