O Alarme Que Não Tocou

O alarme falhou. O tempo pareceu conspirar contra eles, mas na verdade deu-lhes o presente de mais minutos juntos. A manhã começou com o silêncio cúmplice do quarto, interrompido apenas pelo som suave da respiração da rainha Vera aninhada nos braços de seu rei. Ele a olhou com ternura, sentindo que nenhum compromisso poderia ser mais urgente do que contemplar a beleza serena de quem amava.

Quando perceberam o atraso, a pressa virou piada. A torrada queimada arrancou gargalhadas, o café frio foi bebido como se fosse a bebida mais nobre, porque compartilhado entre eles. Enquanto isso, Luzia e Nilo, os gatos, disputavam lugar nas pernas da rainha, ronronando como quem também sabia que aquele instante era precioso.

Lórien e Bravus, sempre atentos, os rodeavam com energia, como guardiões leais que sabiam da importância de proteger aquele amor. O rei beijava o ombro de Vera com devoção, e cada gesto simples, o deslizar dos dedos em seus cabelos, o toque suave em sua pele ainda aquecida pelo sono, transformava a rotina em ritual de adoração.

A sensualidade se fazia presente no modo como ele a fitava, como se todo atraso fosse desculpa para prolongar o prazer de tê-la junto. Os beijos roubados entre uma risada e outra tornavam-se faíscas que incendiavam a manhã. A rainha, entregue ao abraço de seu rei, sabia que não havia relógio capaz de medir a intensidade daquele amor.

Ele sussurrou em seus lábios que, ao lado dela, o atraso sempre se tornava acerto. E assim permaneceram, cercados pela lealdade de Lórien e Bravus e pelo carinho de Luzia e Nilo, transformando um simples erro do despertador em um dos momentos mais perfeitos do Reino.