O Banho da Lua – Capítulo 18

O dia havia sido longo no Reino de Veramor. A terra, remexida e agradecida, guardava em silêncio as sementes recém-plantadas. A noite chegou como um alívio, trazendo consigo um vento morno e uma lua cheia que banhava o jardim com sua luz prateada.

A Rainha, com os cabelos levemente soltos e o rosto ainda marcado pela lida, tirou as botas cobertas de barro e caminhou até a fonte do pátio central. Sentou-se na borda e mergulhou os pés na água gelada, fechando os olhos por um breve instante. O som da fonte misturava-se com o silêncio da noite, era como se o tempo parasse para vê-la descansar.

O Rei se aproximou em silêncio, com os olhos grudados na cena como quem encontra poesia na rotina. Ao vê-la assim, banhada pela lua e pela paz, sussurrou:

— “Você é a única água que me afoga e ainda assim me salva.”

A Rainha entreabriu os olhos e sorriu com aquela calma provocativa que só ela sabia ter:

— “E você é o único tolo que tenta nadar numa fonte com menos de trinta centímetros.”

Ambos riram. E ali, entre o cansaço e a ternura, a lua os cobria como um véu de cumplicidade, como quem abençoa um amor que floresce até no barro.

O Banho da Lua – Capítulo 18

Brasão Reino de Veramor

V&R
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