O Beijo que a Tinta Não Apaga – Adendo

Era dia de pintura na varanda do Reino de Veramor. Tinta fresca, sol alto e promessas de cor nova nos muros da história. A Rainha, concentrada, escolhia tons como quem escolhe palavras para um poema. O Rei, entre pinceladas e observações encantadas, tentava acompanhar o ritmo dela, e falhava com charme.

Ela manchou o vestido ao encostar sem querer na parede ainda úmida. Ele manchou a barba ao coçar o queixo distraidamente, jurando depois que já tinha raspado. Mas ali, entre respingos e risos contidos, o que realmente se imprimiu foi o rubor nas bochechas dela, quando ele se aproximou e disse, com a voz baixa e devota:

— “Queria ser o pincel pra deslizar em ti sem pressa, Loira Linda.”

Ela sorriu, sem tirar os olhos da parede, e respondeu com aquele humor que só os íntimos compreendem:

— “Cuidado, meu Rei. Quem se atreve a pintar uma Rainha, tem que estar pronto pra viver no quadro.”

E foi assim que, entre latas abertas e paredes semi-prontas, os dois descobriram que o amor também se escreve em tinta — e que há beijos que nem o tempo, nem a chuva, nem novas demãos jamais apagam.

O Beijo que a Tinta Não Apaga – Adendo V

Brasão Reino de Veramor

V&R
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