O Café da Manhã na Varanda

A manhã nasceu doce sobre Veramor, e a varanda estava coberta por uma luz morna que tornava o ar quase dourado. O Rei já havia disposto a mesa com o cuidado de quem prepara um altar: o pão ainda quente, o mel escorrendo devagar num pequeno pote de cristal, o bule exalando o perfume profundo do café recém-passado.

A Rainha surgiu envolta por uma calma luminosa, os cabelos soltos tocando os ombros, o olhar ainda sonolento e cheio de ternura. Sentou-se diante dele e, por um instante, o mundo pareceu caber apenas ali, entre a fumaça suave do café e o som distante das folhas se movendo.

Ícaro pousou no parapeito e começou a repetir, com entusiasmo, as palavras que aprendera na véspera. “Lindo dia”, dizia com sua voz clara, e depois inclinava a cabeça como se esperasse aprovação. O Rei riu. A Rainha ofereceu-lhe um grão de uva, e o pássaro aceitou, abrindo as asas em sinal de contentamento.

O pão foi repartido, o mel dividido. O Rei observava a Rainha molhar os lábios na xícara e pensou que havia mais beleza naquele gesto simples do que em qualquer joia do reino. O olhar dela o encontrou, e no silêncio entre ambos havia o entendimento antigo de quem partilha a vida sem pressa.

Nilo espreguiçava-se aos pés da mesa, entregue ao calor do sol. Lórien, mais distante, observava a cena com a serenidade dos que sabem reconhecer a harmonia.

O tempo parecia descansar ao redor deles, suspenso na ternura do cotidiano. Nenhuma palavra era necessária para traduzir aquele instante: o amor estava ali, misturado ao aroma do café, à leveza do vento e ao sabor tranquilo da manhã em Veramor.