O Chá de Espera

O Rei caminhava devagar pelo salão silencioso enquanto a luz suave da tarde atravessava as janelas altas e criava um brilho dourado sobre a mesa onde repousavam as ervas escolhidas para o momento. Ele abriu o pequeno recipiente de camomila e deixou que o aroma doce se espalhasse pelo ar, seguido pelo perfume fresco da hortelã que ele misturou com cuidado. Cada gesto parecia uma prece, uma promessa silenciosa de presença. A água quente encontrou as folhas e o vapor começou a subir, formando nuvens delicadas que dançavam como se trouxessem histórias antigas consigo.

A Rainha observava de longe, sentada em sua cadeira favorita, envolta em um manto leve. Seus olhos acompanhavam cada movimento dele com uma serenidade que não precisava de palavras. O Rei segurou a xícara com as duas mãos por um breve instante, como se quisesse aquecer o próprio coração antes de oferecer o chá. Quando ele caminhou em direção a ela, o vapor subiu em espirais suaves, criando uma pequena ponte invisível entre seus olhares.

Lórien permanecia próximo, imóvel, como se guardasse o tempo que parecia desacelerar ao redor dos dois. Ele observava o Rei entregar o chá à Rainha, com a paciência de quem entende que alguns momentos são eternos mesmo quando duram apenas segundos.

A Rainha levou a xícara aos lábios e fechou os olhos ao sentir o primeiro toque quente do chá. O sabor doce e herbáceo desceu de forma lenta, como se acalmasse cada pensamento. O Rei se sentou ao lado dela e suas mãos se encontraram sobre o braço da cadeira. Não havia pressa. Apenas o cuidado silencioso que floresce quando o amor se transforma em remédio, fortalecendo o espírito e aquecendo aquilo que o tempo tenta esfriar.

O vapor continuou a subir entre eles, macio e luminoso, como um lembrete de que o amor que se cuida permanece, respira e espera.