O Cheiro do Perfume

A Rainha ergueu delicadamente o frasco de cristal e borrifou o perfume sobre a pele. O ar se encheu de um aroma doce e profundo, como se fosse um feitiço capaz de suspender o tempo. O Rei, hipnotizado, aproximou-se sem pressa, guiado pelo rastro invisível que a fragrância deixava no ar.

Ele encostou o rosto na curva do pescoço dela e respirou fundo, deixando que aquele perfume atravessasse sua pele e alcançasse sua alma. Um arrepio percorreu-lhe a espinha, não apenas pelo cheiro, mas pela lembrança viva que aquele aroma criaria nele dali em diante. Para sempre, pensou, ele reconheceria a Rainha não apenas pela visão, mas pelo perfume que marcava sua essência.

Com os olhos semicerrados e a voz grave de emoção, ele disse:
— Esse aroma tem o poder de marcar minha alma.

Bravus, atento como um guardião cúmplice, ergueu as orelhas e observou a cena. O cão parecia compreender o que se passava, permanecendo quieto, como quem testemunha um rito sagrado entre dois corações. Nilo espreguiçava-se preguiçosamente ao longe, e Luzia, sempre curiosa, aproximava-se para cheirar o ar, como se também quisesse decifrar o mistério que envolvia aquele perfume.

O Rei fechou os olhos mais uma vez, encostando os lábios à pele dela, e murmurou entre suspiros, quase como uma promessa:
— Seu cheiro é a eternidade gravada em mim.

A Rainha sorriu, sabendo que não era apenas o perfume, mas o próprio corpo e alma dela que se tornavam a fragrância inesquecível do Reino.

✨ Citação
“No perfume da Rainha, o Rei não encontrou apenas um aroma, mas a eternidade selada em sua própria respiração.”