🌞 Capítulo VII: Solenne – Curandeira do Corpo e da Alma (Elemento: Luz)

Solenne nasceu em um parto difícil, quando o sol despontava no céu pela primeira vez no equinócio da primavera. Era como se o mundo precisasse de coragem para recebê-la. Sua pele tinha um brilho cálido, dourado, como se cada célula fosse feita da própria luz. Desde pequena, carregava no olhar uma clareza que desarmava até os mais endurecidos.

Foi criada entre ervas penduradas nos telhados e cicatrizes que contavam histórias antigas. Aprendeu que curar ia muito além de misturar raízes ou aplicar ungüentos. Tocar alguém era, sobretudo, uma escuta. Era saber onde doía mesmo quando ninguém dizia. E ela sabia.

Curava com o riso leve, que desmanchava o peso do mundo. Com a voz calma, que parecia embalada em vento morno. E, quando era preciso, com o silêncio – um silêncio que não intimidava, mas acolhia. Um silêncio onde a dor podia finalmente descansar.

As plantas a reconheciam. As folhas viravam-se discretamente quando ela passava. Os chás ganhavam eficácia só por tocarem suas mãos. E as crianças, ah, as crianças… Paravam de chorar assim que seus olhos encontravam os dela. Era como se vissem o céu de dentro.

O dom de Solenne não se limitava ao físico. Ela devolvia a paz aos corações estilhaçados, às mentes que haviam se perdido no escuro. Não prometia esquecer a dor, mas ensinava a caminhar com ela — até que deixasse de ser ferida e se tornasse cicatriz luminosa.

“Luz não é ausência de sombra. É o que nos permite vê-la sem medo.”

Essa era a sua essência: não apagar a escuridão, mas ensinar a enxergá-la com dignidade. Solenne era farol e abraço, remédio e poesia. Curandeira do corpo e da alma, filha do sol e guardiã da luz que cada um carrega, mesmo quando se esquece.

🌞O Círculo das Oito – Capítulo VII: Solenne – Curandeira do Corpo e da Alma (Elemento: Luz) – Continua

Para mais histórias de Bruxa, veja aqui