⏳ O Círculo das Oito – Capítulo VIII: Vaelith – A que vê o futuro queimada pela verdade (Elemento: Tempo)

Vaelith nasceu sob o eclipse, num instante em que o tempo parecia hesitar. Dizem que a parteira desmaiou ao ver seus olhos — prateados, antigos, como se já houvessem chorado por séculos. Desde o berço, a criança murmurava nomes que ainda não existiam e chorava por perdas que o mundo ainda não sofrera.

Conforme crescia, o tempo a tratava com desdém: envelhecia por dentro sem que o corpo acompanhasse. A cada visão, um fio de cabelo tornava-se branco, uma nova cicatriz invisível aparecia sob sua pele. Era como se o próprio destino a marcasse por ousar encará-lo.

Vaelith não previa o futuro como um oráculo distante. Ela o vivia — com cada célula, com cada pesadelo. Suas premonições vinham como labaredas silenciosas: abrasavam a mente, feriam o espírito, mas deixavam um rastro de verdade irrefutável.

Por isso, ninguém desejava saber o que ela sonhava. Suas palavras eram temidas mais do que o silêncio dos deuses. Quando Vaelith falava, até o vento parava para escutar.

Durante o ritual no lago, enquanto as outras teciam energia com as mãos ou com a alma, foi Vaelith quem tremeu primeiro. Ela viu. Viu o que aconteceria caso o Círculo das Oito não se completasse. Viu o fim não como ameaça, mas como memória do que já estava escrito.

E ainda assim, falou. Sempre falava.

“O tempo não espera.
Mas a verdade… a verdade sempre volta.”

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