O Círculo Fechado – Capítulo 25

O ar na sala secreta parecia mais denso. Clara sentia que cada passo ali dentro exigia mais do que movimento, exigia memória, entrega. Ao observar as paredes cobertas pelos desenhos, um padrão começou a emergir, como se finalmente ela enxergasse o que sempre esteve ali: todos os traços, todas as figuras de mãos estendidas não eram aleatórios.

Eles formavam um círculo perfeito.

Cada mão apontava sutilmente para a próxima, como se seguissem uma ordem. E no centro da parede principal, um vazio: um espaço em branco, ovalado, como a ausência de uma última peça.

Ela se aproximou.

O espaço parecia ter o tamanho exato da sua própria mão. Sem pensar, Clara estendeu a destra, tocando o centro da parede. Assim que sua pele encontrou a superfície fria, os desenhos começaram a brilhar com uma luz tênue, como carvão reaceso.

As mãos nas paredes começaram a se mover levemente, não como se fossem parte de uma pintura, mas como se estivessem acordando.

Uma pulsação atravessou seu braço. E então, uma inscrição surgiu bem abaixo da marca deixada por seus dedos:

“A que lembra, sela o ciclo. O que era arte, agora é carne.”

Clara recuou, tremendo. Ao olhar ao redor, notou que o círculo parecia respirar. E, por um segundo, ela teve a sensação nítida de que estava sendo observada por todas as mãos ao mesmo tempo.

O círculo estava fechado.

Mas o que ele havia selado… ainda estava por vir.

O Círculo Fechado – Capítulo 25