O Colar do Abraço – Capítulo 47

A bruxa caminhava lentamente pela feira da pequena vila, carregando em uma cesta de vime uma dezena de colares cuidadosamente tecidos. Eram feitos de fios coloridos, tão finos quanto raios de luz, e entrelaçados com paciência e intenção. Cada um deles guardava um toque de magia sutil, um feitiço que não se anunciava em luzes ou fumaça, mas se revelava no silêncio, no aconchego que trazia à alma.

Ao se aproximar de uma criança que observava seus colares com olhos curiosos, a bruxa abaixou-se e lhe ofereceu um, explicando que aquele fio carregava a memória de um abraço — não um abraço qualquer, mas aquele que envolve, acolhe e protege, como se dissesse sem palavras: “Você está seguro”. A menina sorriu e, ao colocar o colar no pescoço, sentiu um calor suave percorrer-lhe o corpo, como se braços invisíveis a envolvessem.

Pessoas se aproximavam aos poucos, atraídas não pela beleza dos colares, mas pela sensação inexplicável de tranquilidade que emanava da presença da bruxa. Um homem idoso, com os ombros curvados pelo peso de muitas perdas, aceitou um colar e, ao tocá-lo, percebeu que a tensão em seu peito diminuía. Uma jovem mãe recebeu outro e, por um instante, sentiu que não precisava enfrentar tudo sozinha.

O vento brincava com as fitas penduradas nas bancas vizinhas, e os raios do sol faziam os fios brilharem como se fossem feitos de ouro líquido. A bruxa, com um sorriso calmo, sabia que não estava apenas oferecendo um adorno, mas devolvendo a cada pessoa um pedaço esquecido de paz. Quando o último colar foi entregue, ela partiu, deixando para trás um rastro invisível de abraços que continuariam a aquecer corações, mesmo muito tempo depois de ela ter ido embora.