O Dia em que a Chuva Lavou o Mundo

O amanhecer trouxe nuvens densas sobre o Reino de Veramor, prenunciando um dia diferente. Logo, a chuva começou a cair, primeiro tímida, depois decidida, como se quisesse lavar não apenas as ruas, mas também as preocupações de todos. O vento brincava com as roupas no varal, até que algumas se soltaram e voaram pelo jardim como bandeiras coloridas em festa inesperada.

Luzia e Nilo, sempre atentos a qualquer mudança no clima, desapareceram rapidamente para dentro do castelo, buscando o aconchego de almofadas e mantas. Lórien e Bravus, em contrapartida, celebravam a tempestade, correndo de um lado para o outro, mergulhando as patas na lama e balançando o rabo com um entusiasmo que nem a água fria conseguia apagar.

A Rainha Vera, divertida com a cena, abriu o guarda-chuva e saiu para tentar salvar o que restava das roupas e recolher alguns lençóis que já estavam encharcados. O Rei Robledo, ao vê-la se aventurar pelo jardim, correu atrás, sem se importar com a água que escorria pelo rosto e encharcava as botas.

Logo, o guarda-chuva virou apenas um acessório esquecido, e ambos se renderam ao momento. Caminharam juntos sob a chuva, recolheram peças de roupa e riram das trapalhadas dos cães que, agora, tentavam caçar as gotas que caíam do céu. Nilo, da janela, observava com olhar curioso, enquanto Luzia fingia dormir, mas mantinha uma orelha atenta.

No meio do jardim já alagado, a Rainha e o Rei pararam. Molhados, rindo como crianças, sentiram que aquele instante tinha um brilho próprio. Foi então que ele disse, com um olhar calmo e sincero, que o sorriso dela o protegia mais do que qualquer teto poderia proteger.

Voltaram para o castelo com roupas pesadas de água e o coração leve. A chuva continuou caindo lá fora, mas dentro, no calor do lar, o som das gotas era apenas o pano de fundo para mais uma memória que se tornaria parte da história do Reino de Veramor.