O Dia em que a Zebra Confundiu Tudo

Era uma vez uma zebra chamada Zebrilda. Zebrilda era uma filósofa nata do reino animal. Sempre que os bichos se metiam em confusão, ela aparecia enrolada em seu cachecol azul e dizia com toda a seriedade do mundo:

– Calma, pessoal… Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Certo dia, o leão, rei da floresta, estava indignado. Alguém havia comido sua torta de manga, que ele estava guardando há dois dias na geladeira da savana (uma geladeira movida a energia solar feita de bambu, claro).

Desesperado, ele convocou uma reunião de emergência com todos os animais.

– Eu exijo uma explicação! Quem foi o guloso? – rugiu o leão.

Foi quando Zebrilda, calmamente, levantou a pata.

– Majestade, antes de qualquer acusação precipitada, eu preciso dizer algo muito importante…

Todos se calaram. Ela ergueu a cabeça com sabedoria.

– Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.

Silêncio absoluto.

O leão coçou a juba. O macaco olhou pro papagaio. A tartaruga quase cochilou. Até o crocodilo, que estava sempre de cara fechada, ficou pensativo.

– Mas… o que isso quer dizer, Zebrilda? – perguntou o leão, confuso.

– Exatamente! – respondeu ela com um sorriso triunfante.

Foi aí que todos começaram a filosofar. O tamanduá achou que a zebra estava dizendo que a culpa não era de ninguém. O elefante achou que era uma metáfora sobre o tempo e o espaço. Já o tatu simplesmente achou bonito e aplaudiu.

No fim das contas, ninguém mais lembrava da torta, o leão desistiu da vingança, e todos saíram da reunião dizendo:
– Realmente, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
E desde esse dia, essa frase virou lei na floresta.

Zebrilda foi promovida a conselheira oficial do reino animal, ganhou um novo cachecol de listras douradas e, claro, uma geladeira só dela, abastecida com tortas de manga.

Porque, afinal…
Não se mistura uma coisa com outra coisa.

Conto: O Dia em que a Zebra Confundiu Tudo