“O Dia em que o Algoritmo Nos Separou” “(e Depois Nos Reuniu)” – Capítulo 6

“Meu coração pulou uma timeline inteira quando você desapareceu do meu feed. Era amor ou era bug?”

Era uma manhã qualquer, ou pelo menos deveria ser, até que ele abriu o Facebook e… nada. Nenhuma curtida da Vera. Nenhuma postagem nova. Nenhum story. Nenhum comentário sutil com duplo sentido capaz de deixá-lo com um sorriso torto e o pensamento sujo.

Silêncio digital.

Primeiro pensou: “Talvez ela esteja ocupada… ou dormindo… ou salvando o mundo.” Mas o tempo passou e, quanto mais ele descia o feed, mais sentia que algo estava errado. Era como se o algoritmo tivesse cometido um sacrilégio virtual: esconder Vera. Aquilo era quase adultério eletrônico.

Ele entrou no perfil dela manualmente, como quem espreita uma janela com a luz acesa e as cortinas entreabertas. Lá estava ela, viva, linda e postando normalmente! O coração dele aliviou, mas também se indignou.
“Facebook, seu canalha! Como você ousa me privar dela?!”

Começou então uma batalha secreta e ridícula contra a Inteligência Artificial. Curtia tudo o que ela já tinha postado, até memes antigos sobre café e gatos. Comentava com emojis estratégicos, tipo aquele com os olhinhos apaixonados e o fogo. Salvava posts dela como se fosse arte sacra. E até denunciou uma propaganda de móveis só porque ela estava no lugar onde a Vera deveria estar.

Ele pesquisou no Google: “Como enganar o algoritmo para voltar a ver a pessoa que você ama”.
Respostas vagas. Fóruns esquisitos. Um vídeo no YouTube com um guru de marketing dizendo que precisava “interagir com propósito”.
Ele pensou: “Meu propósito é ela, é o nosso amor, é o tesão que me consome… sem ela não há razão de eu existir no Face, e mais nenhum lugar deste mundo”

No dia seguinte, ela apareceu de novo no feed, como um milagre no meio do caos informacional. Um post singelo, com uma paisagem de manhã chuvosa e a legenda: “Dia bom pra ficar em silêncio.”
Ele sorriu, mordeu os lábios, e comentou:
“Só se for em silêncio contigo, dentro da minha mente barulhenta…”

Naquele momento, entendeu uma verdade moderna e dolorosa: nos dias de hoje, até o amor precisa lidar com o algoritmo. E que sorte a dele ter vencido essa guerra digital com estratégia, desejo e um pouquinho de desespero emocional.

Porque no fundo, ele sabia: o feed sem Vera era só mais uma página em branco.
E com ela, até propaganda de ração parecia poesia.

“O Dia em que o Algoritmo Nos Separou” “(e Depois Nos Reuniu)” – Capítulo 6