🜄 O Eco de Elariah – Capítulo V

Elariah partiu, mas nunca esteve realmente ausente. Seu nome, embora quase proibido entre as mais antigas, ressurge como um feixe tênue de fumaça em noites sem lua, em sonhos compartilhados por aquelas que sequer compreenderam sua origem. Há algo em sua lembrança que não pode ser contido pelas palavras, nem pelas regras antigas.

Após a ruptura do Círculo, a presença de Elariah se intensificou. Não de forma física, mas como um eco que reverbera por entre os rituais tradicionais, rompendo estruturas, questionando o que antes era tido como imutável. Cada vez mais, bruxas jovens, algumas ainda sem iniciação sentem-se tocadas por essa força que não se nomeia, mas que inquieta.

Essas jovens não desejam restaurar o que foi perdido. Tampouco desejam se curvar a uma nova ordem. Elas querem a quebra total. Sentem que a magia precisa voltar ao seu estado primordial, anterior a toda liturgia, a toda doutrina, a toda hierarquia. Para elas, a própria existência das estruturas mágicas é uma traição ao Caos.

Assim surgem as Filhas do Vazio. Não possuem nomes próprios que compartilham. Não seguem calendário, lua ou livro. Elas se reconhecem pelo silêncio que paira quando se olham. Criam feitiços com palavras nunca antes escritas, e os desfazem antes mesmo que possam ser repetidos. Para elas, a verdadeira magia mora no instante antes da forma — no colapso, na dúvida, na vertigem.

Elariah, mesmo sem convocá-las, é sua origem e destino. Para essas bruxas, ela não foi uma líder. Foi uma abertura.

E essa abertura agora se alarga.

Citação:
“O silêncio depois do nome de Elariah não é esquecimento. É reverência.”

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