O Perfume da Aurora – Capítulo 163

Reino de Veramor nova capa

O Perfume da Aurora

A aurora chegou silenciosa sobre Veramor, tingindo o quarto com tons rosados que pareciam respirar junto com as paredes. A Rainha despertou devagar, abrindo os olhos como quem retorna de um lugar profundo e tranquilo. Havia um brilho novo em seu olhar, um frescor leve que fazia o peito do Rei se aquecer de imediato. Ele estava ali, sentado ao seu lado, esperando o momento em que ela despertaria, e seu sorriso nasceu antes mesmo que ela pudesse falar.

O Rei levantou-se com cuidado e voltou trazendo um pequeno ramo de flores frescas, ainda úmidas do orvalho da manhã. Ele havia colhido cada flor com as próprias mãos no jardim do castelo, escolhendo aquelas que guardavam o perfume mais suave, o que lembrava renascimento. A Rainha recebeu as flores com um gesto lento, aproximando-as do rosto. O aroma espalhou-se pela sala como um sopro de esperança que parecia dizer que o dia nascia favorável.

Ícaro, sentado perto da janela, começou a cantar baixinho. Sua voz era fina, doce, quase um fio de vento que carregava luz. Ele cantava sobre a alegria que se esconde nos detalhes, sobre o milagre silencioso que cresce no instante em que o corpo se fortalece um pouco mais. A melodia atravessou a manhã como um pequeno rito, e a Rainha sorriu enquanto respirava fundo o perfume das flores, como se aquele aroma fosse capaz de costurar as partes mais cansadas de sua alma.

O Rei observava cada gesto dela com a delicadeza de quem reconhece o valor absoluto das pequenas melhoras. A maneira como a Rainha se sentou com um pouco mais de firmeza, a forma como seu olhar percorria o quarto, o calor suave em suas mãos quando ele as segurou por um instante. Nada era grandioso, mas tudo era milagre.

O ar da manhã trouxe consigo uma promessa quieta. A sala parecia mais clara, como se o próprio sol tivesse escolhido entrar com reverência. A Rainha respirou fundo mais uma vez, sentindo o perfume da aurora misturado ao das flores, e seu peito se abriu em gratidão silenciosa. O Rei inclinou-se para perto, tocando o topo de sua cabeça com um beijo leve que continha toda a fé dele naquele instante.

A manhã avançava devagar, e cada segundo parecia carregar o mesmo desejo: que o pequeno milagre daquela melhora se multiplicasse em outras. E assim, envoltos em luz e em perfume, eles permaneceram juntos, acolhendo o dia como quem recebe um dom.

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