O Perfume na Pele

O fim da tarde se dissolvia em tons suaves de ouro e sombra, quando o Rei se aproximou devagar da Rainha. Ela estava diante da janela, a luz tocando-lhe a pele como um véu delicado. Ele se inclinou e aspirou o perfume que vinha do pescoço dela, um aroma que parecia nascer da própria alma. Ficou imóvel por um instante, apenas respirando, como se cada partícula daquele cheiro fosse feita para despertar lembranças e desejos.

Disse, em voz baixa, quase num sussurro que se confundia com a respiração, que nenhum perfume no mundo poderia ser comparado ao dela. Que aquele aroma era mais do que fragrância — era presença, era vida, era promessa. A Rainha riu, um riso leve e feminino, mas o corpo denunciou o arrepio que percorreu sua pele.

O Rei tocou-lhe o pescoço com a ponta dos dedos e sentiu o calor que nascia sob o toque. Ela virou o rosto lentamente, encontrando o olhar dele, e neles havia algo entre a ternura e o fogo. Um silêncio denso se fez, o tipo de silêncio que fala mais alto que qualquer palavra.

Lórien, deitado ao lado da cama, observava tudo com olhos atentos. O rabo batia no chão, e por um breve instante ele pareceu compreender que ali havia algo maior do que carinho — havia uma chama que não queimava, mas iluminava.

“Teu perfume é o ar que me mantém vivo.”