O Prazer de Te Possuir e Ser Possuído

A noite não começou assim. Começou com um fôlego, um sussurro, o toque de um dedo sob o queixo, elevando meu olhar até o teu. E naquele instante, o contrato tácito foi assinado. Sem palavras, combinamos a troca. Eu seria teu. Tu serias meu. E na posse mútua, encontraríamos a liberdade mais estranha e doce.

Nossos corpos se alternam em domínio e entrega, fusão de tesão e rendição absoluta.

Ele:

A minha mão na nuca do teu pescoço é uma pergunta. A pressão dos meus dedos é suave, mas irrevocável, um lembrete silencioso de que o meu desejo por ti é uma força com vontade própria. Tu te inclinas para o meu toque, um suspiro escapando dos teus lábios, e é nesse momento que a posse começa. Não a posse de um objeto, mas a de um território sagrado que me convida a adentrar.

Quando te envolvo, quando as minhas pernas se entrelaçam nas tuas e imobilizam o teu corpo em fuga, não é para te prender. É para te oferecer um porto. É para dizer: *Aqui, podes descansar da tua própria força. Podes render-te.* E tu, deus dos teus próprios mundos, afundas na minha. Os teus músculos, tensos há segundos, cedem num tremor quase imperceptível. É a mais bela das capitulações.

A minha boca percorre o vale entre os teus seios, o arquejar do teu peito é o único canto que quero ouvir. Possuo-te com a língua, com os lábios, com o sabor salgado da tua pele. E no auge, quando os teus olhos se reviram e tu gritas o meu nome, não é um grito de quem perdeu. É o grito de quem foi encontrado. Possuir-te é devolver-te a ti mesma, fragmentada e mais completa do que nunca.

Ela:

A tua força é o meu convite para a brandura. Quando a tua mão encontra a minha cintura e me puxa contra ti, não sinto-me capturada. Sinto-me reivindicada. Há uma segurança feroz no teu domínio, uma permissão para eu soltar todas as amarras que me mantêm composta.

Eu me entrego não por fraqueza, mas por poder. É uma escolha consciente e ardente. Arquejo o meu corpo contra o teu, uma oferenda sobre o altar dos teus braços. Deixo que as tuas mãos explorem, moldem, adorem. Cada toque teu é uma afirmação: *És bela. És desejada. És minha.*

E na minha entrega, possuo-te da maneira mais profunda. Pois é o meu gemido que acelera o teu coração. É o meu abandono que te torna vulnerável. Quando me perco nos teus olhos, sem véus, sem defesas, tu também te perdes em mim. Tu entregas-te ao animal que há em ti, e esse animal me obedece, me adora, me consome. Ser possuída por ti é a forma mais intensa de te possuir. É o ciclo que se alimenta de si mesmo.

A fusão é total. Já não sei onde o meu suor termina e o teu começa. O ar está pesado com o cheiro de nós, um perfume primordial de pele, desejo e alma exposta. O tesão não é apenas um fogo nos nervos; é uma corrente que liga os nossos centros, uma energia que sobe e desce, trocando de polo a cada instante. Agora eu sou o ímã, atraindo-te. Agora és tu, e eu sou o metal que se deixa conduzir.

É uma dança de opostos que se completam. A minha unha crava-se no teu dorso, um pontinho de dor no teu êxtase, e tu respondes com um rosnado abafado no meu pescoço, um som de pura, crua possessão. E eu aceito. Aceito tudo.

Neste emaranhado de membros, na respiração sincopada, na pele rubra de carícias, não há mais “eu” e “tu”. Há um só organismo pulsante, um universo de sensação que nós somos. Possuir e ser possuído não são fins, mas os dois lados da mesma moeda cunhada no fogo do nosso desejo. E no centro deste turbilhão, encontro a única verdade que importa: pertencer completamente a alguém é a mais absoluta e paradoxal das liberdades.

E quando o último espasmo nos abandona, ficamos. Entrelaçados. A rendição absoluta deu lugar a uma paz mais profunda que o sono. O domínio dissipou-se, mas a posse permanece, terna e duradoura, no silêncio que agora compartilhamos.

Teu Esposo, Teu Homem, Teu Amor, Teu Dono, Tua Posse… Eternamente Tua Propriedade